sábado, 30 de novembro de 2013

Idosa morre aguardando vaga na UTI do Hospital Regional de Assis (SP), onde só funcionam 4 dos 10 leitos


Mais uma vítima do caos na saúde pública. Uma mulher de 90 anos de idade morreu no Pronto Socorro Municipal de Assis (SP) na manhã desta segunda-feira, dia 25 de novembro. Ela aguardava o cumprimento de uma decisão judicial determinando sua transferência para a Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Regional da cidade (tanto o HR quanto o PS estão instalados no mesmo prédio). A paciente morreu antes de a decisão ser cumprida. Antes disso, temendo pelo agravamento da saúde em função da avó, três netas recusaram a oferta de uma vaga na UTI de Paraguaçu Paulista (SP), a cerca de 36 km de Assis. Ela não resistiria à viagem", contam os familiares.

O drama da idosa Maria Conceição de Matos teve início na terça-feira, dia 19, quando ela foi levada às pressas pela Unidade de Resgate do Corpo de Bombeiros ao Pronto Socorro Municipal.

Na unidade de emergência, a paciente teve o quadro clínico agravado e o médico fez o encaminhamento para a Unidade de Terapia Intensiva. A Central de Vagas, que funciona autorizou uma vaga na UTI de Paraguaçu Paulista e uma ambulância chegou a se deslocar até o PS de Assis para transferir a paciente, mas a família não permitiu que ela fosse levada para o município vizinho.

Sem vagas na UTI do Hospital Regional, os familiares decidiram apelar ao Ministério Público que ajuizou uma ação e, segundo a família, obteve uma liminar judicial obrigando o HR de Assis a oferecer uma vaga na UTI em 72 horas, prazo que terminaria na tarde de segunda-feira. Não deu tempo. Por volta das 10h30, os médicos do Pronto Socorro confirmaram o óbito da paciente, que foi velada em Assis e transferida para Ourinhos (SP), onde foi sepultada na terça-feira, 26.

Inconformada, a família "vai até o fim em busca de justiça", disse a neta Rosilene Barbosa. Outra neta, Rose Correia, desabafou em um comentário feito no portal de notícias Assiscity: "Infelizmente, esse drama vivido pela minha família não foi o primeiro e nem o único. Sabemos que quase todos os dias pessoas morrem no PS por negligência, diagnóstico errado, etc. Muitos funcionários são mal humorados e mal educados, salvo algumas exceções. Como cidadãos, não podemos deixar que essa situação continue. Precisamos lutar por uma saúde pública mais digna e humana", comentou.

A falta de vagas na UTI do Hospital Regional foi alvo de um inflamado discurso do vereador Reinaldo Farto Nunes (PT), o Português, durante a sessão da Câmara Municipal no dia 25. Procurado pelas netas da paciente, ele relatou, com detalhes, o drama enfrentado pela família e desabafou: "Quantas pessoas mais precisarão morrer para que a saúde pública funcione em Assis?"

Nunes mostrou-se inconformado com a informação de que apenas quatro dos dez leitos do HR estariam funcionando devido a problemas no gerador. "Enquanto esse governo gasta milhões para construir muralhas de presídio, não tem recursos para comprar um gerador. Por falta de um gerador, quantas pessoas perderão a vida por não conseguirem uma vaga na UTI desse hospital gerenciado pela Famema (Faculdade de Medicina de Marília) e mantido pelo governo do PSDB?", finalizou.

Outro lado - Em nota encaminhada à imprensa, o Hospital Regional de Assis "esclarece que a paciente Maria Conceição de Mattos não estava internada na unidade. A paciente estava no pronto socorro municipal que, apesar de estar localizado nas dependências do hospital, pertence à Prefeitura de Assis".

"Em relação aos pedidos de leitos de UTI para a paciente, a Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross) informa que, por três vezes disponibilizou vagas para que ela fosse transferida, porém as vagas foram recusadas pelos familiares. Em relação ao gerador, o hospital esclarece que não é verdadeira a informação de que há leitos parados porque o aparelho estaria quebrado. Todos os leitos de UTI do Hospital Regional estão em pleno funcionamento", finaliza a nota.

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